Greve acaba em bancos privados e na CEF

Uma assembleia que mostrou bem a divisão da categoria no Ceará foi realizada na noite de ontem, na sede do Sindicato dos Bancários, e decidiu os destinos da greve no Estado. Após discussões e polêmicas nas votações finais, os funcionários dos bancos privados e da Caixa Econômica Federal (CEF) resolveram aceitar as propostas, respectivamente da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e dos próprios dirigentes da CEF, e voltar ao trabalho após 15 dias de paralisação. Ao contrário dos bancários do Banco do Brasil e do Banco do Nordeste, que decidiram continuar em greve.

Após muitas reuniões de negociação durante o último fim de semana e início desta, quando foi feita a proposta de reajuste para a categoria de 7,5%, ontem, assembleias regionais foram realizadas no País. Para cada tipo de instituição funcional dos bancários, foram apresentadas cláusulas sociais e econômicas específicas. Isso pesou na divisão da categoria, pelo menos entre os profissionais no Ceará. Isso ficou comprovado com a votação para os rumos do movimento no BB, em que a categoria se dividiu, mas acabou vencendo a proposta pela continuidade da greve.

Com a continuidade da greve no BNB e no BB, uma nova assembleia ficou marcada para a próxima segunda-feira, dia 18. O principal ponto que pesou para que o movimento no BNB continuasse foi a não aceitação da compensação dos dias parados por parte da direção do banco. Já no BB pesou a não inclusão da isonomia salarial no plano de cargos e carreiras.

Direitos
O presidente do Sindicato do Bancários do Estado do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra considerou a decisão satisfatória, embora parcial. "É a maior greve da história da categoria nestes últimos 20 anos e foi também a que apresentou mais conquistas. Se os companheiros do BB e BNB não concordam com os ganhos que tiveram, respeitamos seus direitos e vamos apoiá-los na continuidade da paralisação".

Segundo o presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE), Eginardo de Melo Rolim Filho, o consumidor não é obrigado a efetuar o pagamento em caso de greve no banco, já que esse é o único meio por onde ele pode quitar a sua dívida. "Mas se o fornecedor oferecer outras opções para se fazer o pagamento, o consumidor não poderá deixar de pagar", disse.

Ele explicou que o consumidor não pode ser culpado pelo não pagamento, pois deixou de cumprir com a sua obrigação apenas devido a um fato inesperado e inevitável. "Por lei, o cidadão tem de pagar a conta diretamente ao credor. Se o banco não tem como receber o pagamento, o problema não é do consumidor", afirmou.

Ressarcimento
O advogado destacou que os consumidores que tinham de sacar dinheiro para fazer um pagamento vão poder utilizar a desculpa de que a greve impossibilitou a retirada. Mas se alguém deixou de comprar algum item importante devido à paralisação dos bancários poderá entrar com uma ação de reparação de danos para poder ser ressarcido. "Se a pessoa se sentir lesada ou que sofreu algum prejuízo poderá recorrer ao Judiciário a fim de ser ressarcido pelos danos", comentou.

NÚMEROS
322
Agências bancárias das 450 existentes no Ceará foram atingidas com a paralisação de 15 dias, tempo da mobilização ocorrida até o dia de ontem. Isso representa mais de 70% do total.

460
Mil bancários existem no Brasil. Desses, 8.012 estão no Ceará. Das agências cearenses do BB, 128 são no interior e 60 na Capital. No BNB, 19 unidades são no Interior e sete na Capital.

ADALMIR PONTEREPÓRTER

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