Situação na Líbia pode ficar fora de controle para ocidentais, diz Kadhafi

O ditador líbio Muammar Kadhafi afirmou nesta quinta-feira (31) que os países ocidentais que participam na coalizão internacional na Líbia criaram uma situação que pode sair do controle, em declarações à agência estatal de notícias Jana.

"Se eles (os ocidentais) continuarem, o mundo entrará em uma verdadeira cruzada (...) Iniciaram uma coisa grave, que não podem controlar e que estará fora do controle, independente dos meios de destruição de que dispõem", advertiu.

Segundo ele, os dirigentes ocidentais "decidiram promover uma segunda cruzada entre muçulmanos e cristãos no Mediterrâneo". A solução, segundo Kadhafi, é que estes dirigentes "renunciem imediatamente e que seus povos busquem outras alternativas".

A Líbia enfrenta uma batalha desde o começo deste ano, quando manifestações pedindo a renúncia do ditador Kadhafi, há 42 anos no poder, se tornaram confrontos violentos e passaram a ser reprimidos com força pelo regime. No dia 17 deste mês, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução que valida quaisquer medidas necessárias para impedir um massacre de civis. Dois dias depois, a coalizão internacional liderada por Estados Unidos, França e Grã-Bretanha começou a bombardear a Líbia.

Otan assume comando
As declarações do ditador líbio ocorrem após a Otan ter assumido o comando total das ações militares internacionais na Líbia, tomando o lugar da coalizão internacional que desde 19 de março dirigia a intervenção contra as forças do governamentais.

"A operação 'Protetor Unificado' decidida no domingo passado pelos países da Aliança começou oficialmente esta manhã, como estava previsto, às 6h GMT", declarou uma fonte diplomática. Desta forma, a Otan assume a responsabilidade pelos bombardeios na Líbia até agora sob controle da coalizão liderada por Estados Unidos, França e Grã-Bretanha.

A Líbia enfrenta uma batalha desde o começo deste ano, quando manifestações pedindo a renúncia do ditador Kadhafi, há 42 anos no poder, se tornaram confrontos violentos e passaram a ser reprimidos com força pelo regime. No dia 17 deste mês, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução que valida quaisquer medidas necessárias para impedir um massacre de civis. Dois dias depois, a coalizão internacional liderada por Estados Unidos, França e Grã-Bretanha começou a bombardear a Líbia.
Rebeldes guardam posição em estrada próximo à cidade líbia de Brega nesta sexta-feira (30) (Foto: Reuters)Rebeldes guardam posição em estrada próximo à cidade líbia de Brega nesta sexta-feira (30) (Foto: Reuters)
O novo passo acontece depois de os 28 países aliados terem chegado a um acordo no último domingo (27) para que a Otan ficasse com o controle e a coordenação de todas as operações de proteção da população civil líbia. Alguns dias antes, a organização já havia assumido a direção da zona de exclusão aérea imposta sobre a Líbia.

A transferência do controle sobre os ataques aéreos à Otan coincidiu com a redução dos bombardeios internacionais contra as forças de Muammar Kadhafi, o que permitiu às tropas leais ao coronel contra-atacar e obrigar os rebeldes a se retirar de cidades como Ras Lanuf.

A Aliança assegurou que seu único objetivo é proteger a população civil, cumprindo com o mandato da
ONU, e não apoiar um ou outro grupo. Estados Unidos e Reino Unido, no entanto, levantaram a possibilidade de armar os rebeldes para que derrotem o regime de Kadhafi, uma questão que gera desconfiança em alguns setores de Washington pelo temor de que haja membros da rede al-Qaeda entre os rebeldes.
 
'Até o fim'
Kadhafi permanecerá no país 'até o fim' para conduzi-lo à vitória contra seus inimigos, disse um porta-voz do governo nesta quinta. Falando após a deserção do ex-ministro das Relações Exteriores da Líbia, Moussa

Koussa, que voou para a Grã-Bretanha na quarta-feira, o porta-voz disse que os ataques aéreos ocidentais contra a Líbia só uniram a elite de sua liderança contra 'um inimigo claro'.

'Se esta agressão fez algo, foi reunir as pessoas em torno do líder e da unidade da nação', declarou Mussa Ibrahim em Trípoli. 'Especialmente agora. Elas vêem um inimigo claro'.

A Grã-Bretanha declarou nesta quinta que a deserção de Koussa irá encorajar outros próximos a Kadhafi a abandonar o ditador. O Ministro de Relações Exteriores britânico, William Hague, disse que Koussa vinha sendo seu canal de comunicação com o governo de Kadhafi nas últimas semanas e que falou com ele com frequência.

O ex-espião líbio não recebeu imunidade contra processos na Grã-Bretanha, acrescentou Hague. Há dúvidas sobre o quanto ele sabe sobre a explosão de um avião sobre a cidade escocesa de Lockerbie em 1988 que matou 270 pessoas.

'Ele disse estar renunciando ao cargo. Estamos discutindo isso com ele. Encorajamos todos ao redor de Gaddafi a abandoná-lo', declarou Hague em uma entrevista coletiva, acrescentando mais tarde que Koussa está em um 'local seguro' não revelado na Grã-Bretanha.

* Com informações da Efe e AFP
 Créditos G1

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