Com centenas de encomendas, Airbus fatura alto com A320neo


É a sensação da Paris Air Show.

Com a encomenda de 180 unidades pela IndiGo, a companhia aérea de baixo custo da Índia, a um custo estimado de US$ 16 bilhões pelo preço de lista, o A320neo, a versão mais econômica do jato A320, elevou substancialmente os pedidos da Airbus, a fabricante europeia de aviões, durante a feira francesa, uma das maiores do gênero.

Mas os pedidos não devem parar por ai. A expectativa é que a AirAsia Bhd, da Malásia, faça uma encomenda ainda maior - cerca de 200 unidades - antes de a feira terminar, o que acontece no domingo dia 26 de junho, na França. Ainda nesta quarta-feira, a companhia aérea chilena Lan, que tem planos de unir as operações com a brasileira TAM, é outra que fez 20 pedidos à Airbus.

No terceiro dia da feira, a fabricante europeia aparecia como vitoriosa no salão de aeronáutica que acontece no aeroporto de Le Bourget, como amplamente previsto, com pedidos de quase US$ 60 bilhões já anunciados para mais de 600 aeronaves.

Pressão sobre Boeing e Embraer
Ontem, a distância da Airbus em relação à americana Boeing já era visível. A europeia Airbus obteve US$ 25,9 bilhões em encomendas, superando os US$ 19,1 bilhões conquistados pela empresa americana.

A ameaça de novos concorrentes da fabricante brasileira Embraer não parece vir da Rússia, Japão e China na produção de jatos regionais. Mesmo não sendo um competidor direto dos aviões da fabricante brasileira, parece ter sido o A320neo aquele que mais provocou.

O A320neo - embora não rivalize com os E-Jets da Embraer de 70 a 122 passageiros por ter maior porte - afeta a fabricante brasileira e toda a indústria, à medida que pode fazer com que companhias aéreas reavaliem seus planos de frota. O novo avião da Airbus promete economia relevante de combustível em um momento de preços do petróleo em alta.

"O mercado está muito desafiador, com novos concorrentes, novos produtos. Até o A320neo acaba influenciando", afirmou à Reuters o vice-presidente de Aviação Comercial da Embraer, José Paulo de Souza e Silva, durante a feira.

A norte-americana JetBlue vai comprar 40 unidades do A320neo e otimizar o uso do Embraer 190, de 100 passageiros, com expectativa de operar 75 jatos brasileiros.

A encomenda firme da JetBlue com a Embraer, fechada em 2003, é por 100 aeronaves e todas elas serão entregues, segundo a fabricante. O destino que será dado pela JetBlue aos cerca de 25 jatos Embraer 190 não utilizados é incerto.

Normalmente, em casos assim, os jatos são repassados a outras empresas aéreas pelas próprias companhias que os compraram.

Outros potenciais operadores de jatos da Embraer que compraram aviões A320neo em Le Bourget são a colombiana Avianca e a indonésia Garuda. A última ainda tem planos de comprar 25 aviões regionais, com expectativa de escolha do fornecedor em três meses. A canadense Bombardier e a fabricante brasileira disputam esse contrato.

O A320neo estará disponível a partir de 2015. Ele incorpora novos motores mais eficientes e grandes dispositivos na ponta de asa chamado "Sharklets", o que segundo o fabricante gera uma economia de combustível de 15%, o que equivale a 1,4 milhão de litros de combustível por ano. Desta forma, a Airbus entende que isso traz uma economia de 3.600 toneladas de CO2 anualmente por aeronave.

Rivais regionais
A russa Sukhoi e a japonesa Mitsubishi Aircraft apenas apresentaram atualizações de seus programas de aviões regionais nos primeiros dias da Paris Air Show, sem anunciar encomendas.
O SuperJet 100, da Sukhoi, entrou em operação neste mês com a companhia aérea russa Aeroflot, mas por enquanto só tem certificação para voos naquele país. A expectativa é conseguir aval de autoridades para voos na Europa no segundo semestre.


A Sukhoi espera anunciar vendas de seu jato comercial em agosto, durante a feira aérea de Moscou, e está negociando com empresas aéreas da Índia.

O presidente-executivo da SuperJet International, responsável pelas vendas do SuperJet 100 na Europa e em outras regiões, Carlo Logli, admitiu que a entrada de um avião no mercado europeu é difícil, já que as companhias aéreas do continente são muito cautelosas com produtos novos. "Os europeus precisam ver o avião em operação (para comprá-lo)."

A Mitsubishi Aircraft informou que os primeiros voos do MRJ serão no ano que vem, com entregas começando a partir de 2014. Em dezembro de 2010, a empresa japonesa tinha mais de 100 encomendas por seu jato regional, que diz ser o mais silencioso no segmento.

Pouco se fez menção ao jato regional em desenvolvimento pela China, o ARJ-21, na feira em Le Bourget. O presidente-executivo da Embraer, Frederico Curado, disse à Reuters no último domingo que não vê muita ameaça do avião chinês, embora reconheça que ele tende a ter uma participação importante dentro daquele país.

CSeries
Um pouco afastado dos E-Jets da Embraer e brigando por mercado mais diretamente com o A320 e o Boeing 737, a nova família de aviões CSeries da Bombardier, de 110 a 145 assentos, desapontou analistas depois que Qatar Airways anunciou que iria adiar sua decisão de compra.

Até agora em Le Bourget, a Bombardier fechou uma carta de intenções com a Koren Air Lines para compra de 10 unidades do CS300, com outras 20 opções e direitos de compra. Além disso, recebeu encomenda por 10 aeronaves CS100 de um cliente cujo nome não foi revelado.

A Bombardier tem agora 113 pedidos firmes pelos aviões CSeries e seis clientes.
 (com Reuters)

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