Uso excessivo de antibióticos em casa gera bactérias multirresistentes

O uso indiscriminado de antibióticos, tanto dentro dos hospitais quanto em casa, contribuiu para o surgimento das bactérias multirresistentes e para sua disseminação nas instituições de saúde. Para os especialistas consultados pelo R7, o combate a esses micróbios deve contar com a colaboração não somente dos médicos, mas, também, de toda a população.
Essas drogas têm influência no processo de seleção natural desses micróbios, favorecendo as que são mais resistentes.

Segundo Isabela Rodrigues, coordenadora do serviço de controle de infecção do HUB (Hospital Universitário de Brasília), a população precisa participar com boas práticas, não apenas com a higienização das mãos (o que impede a transmissão), mas também controlando o uso de antibióticos em casa.

De acordo com o professor de infectologia da Faculdade de Medicina da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Carlos Magno Fortaleza, o surgimento dos antibióticos foi uma revolução na prática médica. No entanto, ele diz que as “bactérias estão criando resistência com uma capacidade maior do que a que a gente tem de produzir antibióticos”.
Magno afirma que, além das medidas de prevenção dentro dos hospitais (como intensificação das barreiras de isolamento e o uso controlado de antibióticos) a população precisa participar do controle das bactérias assumindo atitudes mais conscientes.

- [É preciso] usar antibióticos de maneira adequada, com orientação médica. E os médicos têm que pensar com critério na hora de receitar.
A preocupação com o uso indiscriminado de antibióticos é tão grande que a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) realizou em junho deste ano uma consulta pública para mudar as regras de venda desses medicamentos, controlando sua comercialização. O resultado desse processo, que deve dificultar o comércio de antibióticos, ainda não foi divulgado pela agência.
Esses remédios devem passar para a lista de medicamentos que têm controle especial, fazendo com que os pacientes precisem ter receita médica em duas vias para fazer a compra: uma fica retida na farmácia e a outra é devolvida para o cliente, mas com carimbo, para evitar que o documento seja usado novamente.


Hoje, o paciente precisa de uma receita simples para comprar os antibióticos, mas grande parte das farmácias ignora essa exigência e vende o produto sem prescrição médica.

Isabela afirma que, embora os casos recentes não sejam razão para causar pânico, a população precisa sim ficar preocupada com o aumento da resistência das bactérias.

Apesar de o atual fenômeno estar restrito aos hospitais, é importante tomar as atitudes mais conscientes, pois, segundo Magno, as infecções por essas bactérias estão ficando, a cada dia que passa, mais difíceis de ser tratadas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Kirin anuncia compra de 100% da Schincariol

Fundo Amazônia tem 30 projetos, com R$ 300 milhões em financiamentos do BNDES

Ministério Público do Ceará denuncia R$ 202 milhões em sonegação