O Instagram virou o Snapchat com uma simples atualização. Agora, o app do
Facebook
tem recursos muito parecidos com os da competição e permitirá que
usuários compartilhem fotos e vídeos que somem depois de 24 horas. Não
há como negar que a ferramenta lembra, e muito, o Snapchat Stories – até
o nome, Instagram Stories, é similar, para falar o mínimo.
Essa não é a única semelhança entre os
aplicativos. Ambos usam mídias essencialmente visuais e tornaram-se populares inicialmente entre os jovens. O
Instagram,
por exemplo, ganhou força rapidamente e foi adquirido pelo Facebook em
2012 por um bilhão de dólares. Hoje, o app tem mais de 500 milhões de
usuários.
O Snapchat tinha tudo para seguir o mesmo destino do Instagram. Ele
nasceu em 2011 dentro da Universidade de Stanford, nos EUA, e chamou a
atenção dos jovens que não queriam que fotos pouco lisonjeiras fossem
vistas mais de uma vez. Mas algo no caminho foi diferente. Os fundadores
do app recusaram uma oferta de compra por parte de
Mark Zuckerberg.
Desde a recusa de compra, o Snapchat virou, ao que tudo indica, um alvo
dentro do Facebook. Foram diversas as tentativas de Mark Zuckerberg para
vencer o Snapchat – até agora, todas em vão. Veja abaixo uma linha do
tempo com as principais batalhas travadas.
Dezembro de 2012
A primeira tentativa do
Facebook de competir com o Snapchat foi com o Poke, um
app que permitia que usuários enviassem fotos e vídeos que eram
deletados em segundos. A principal diferença entre os dois aplicativos é
que todo o conteúdo compartilhado do Snapchat é apagado de seus
servidores, enquanto o do Poke era armazenado por um tempo. Dois anos
após seu lançamento, o Poke foi deletado da App Store. Até hoje, ele é
um lembrete para o Facebook de que é preciso muito mais do que alguns
engenheiros talentosos para bater o Snapchat.
Novembro de 2013
O Facebook tentou comprar o Snapchat por três bilhões de dólares. Segundo o
Wall Street Journal,
os fundadores do app (que na época tinha apenas dois anos de
existência) não aceitaram a proposta por considera-la baixa, mesmo sendo
acima dos dois bilhões de dólares, que era a avaliação do Snapchat na
época. Além disso, Evan Spiegel, CEO do app, disse ao jornal que
esperava que o rápido crescimento do aplicativo elevasse ainda mais o
valor da empresa. As previsões de Spiegel se mostraram corretas e,
agora, o Snapchat
vale 19 bilhões de dólares.
Dezembro de 2013
Cansado de criar novos apps para a batalha, o Facebook passou a usar um
dos seus representantes mais fortes, o Instagram (app que havia sido
adquirido em 2012). Em dezembro de 2013, ele ganhou a função Direct, que
tornava possível enviar fotos exclusivamente para um seguidor ou em
grupos fechados. Isso trazia ao Instagram algo valioso do Snapchat: o
controle sobre quem vê cada publicação. O recurso, no entanto, abria mão
de outra característica crucial do Snapchat: a efemeridade. Se no app
do fantasminha o conteúdo some depois, no Instagram Direct não. Isso
pode ser ruim para adolescentes que querem enviar fotos comprometedoras.
Junho de 2014
Menos de um ano depois de sua oferta ser recusada por Spiegel, Mark Zuckerberg lançou uma nova arma para batalhar contra o Snapchat: o
Slingshot
(estilingue, em inglês). O app permitia que usuários enviassem fotos e
vídeos que eram destruídos. Também era possível desenhar em cima das
imagens. Ao contrário do serviço de Spiegel, o Slingshot só deixava o
usuário ver as imagens enviadas por outras pessoas quando ele também
enviava uma foto. O apelo faria com que as pessoas compartilhassem com
bastante frequência. Mas, como o Poke, o Slingshot não vingou.
Setembro de 2015
A função Direct ganha uma atualização.
A partir dessa data, é possível enviar imagens direto da linha do tempo
para um seguidor ou um grupo. O objetivo do Facebook era claro: a
empresa precisava aumentar o compartilhamento de conteúdo (preocupação
que existe até hoje). Colocar um botão que facilitasse o envio de
mensagens, fotos ou vídeos de forma privada parecia uma boa estratégia
na época.
Março de 2016
Os bilhões que não foram gastos com o Snapchat foram usados pelo
Facebook na compra de outros apps. Um deles foi o MSQRD (Masquerade), um
app de filtro de imagens e vídeos que permite que usuários distorçam
suas selfies com os rostos de celebridades ou de amigos. Se você usa o
Snapchat, sabe o que é o Face Swap, um filtro que tem a mesma função do
MSQRD. Duas semanas após a aquisição do Facebook, o Snapchat comprou a
Bitstrip, a empresa por trás do app Bitmoji, que permite criar um avatar
de si mesmo para compartilhar nas redes sociais. O aplicativo tornou-se
viral em 2013 graças ao fato de ser um recurso dentro do Facebook.
Agosto de 2016
O Instagram Stories é a mais nova tentativa do Facebook de vencer o
Snapchat. O recurso é tão similar ao app que já está sendo chamado pela
imprensa de “clone do Snapchat”.
É difícil saber se este é o último momento de uma longa disputa. Também
não é fácil pensar em um ataque mais ousado por conta do Facebook -- a
não ser oferecer bilhões o suficiente para mudar a cabeça dos fundadores
do Snapchat.
Fonte:
http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/um-breve-historico-da-briga-entre-facebook-e-snapchat