Espermatozoide gigante surgiu no Ceará, mostra fóssil
Graças a fósseis brasileiros, pesquisadores europeus conseguiram datar pela primeira vez o surgimento de uma das maiores bizarrias sexuais da história da Terra: os espermatozoides gigantes, que muitas vezes são maiores que o corpo do animal que os produziu.
Segundo o estudo, publicado hoje no periódico "Science", crustáceos minúsculos conhecidos como ostracodes "inventaram" esses gametas imensos há pelo menos 100 milhões de anos. A comprovação surge de ostracodes fossilizados na bacia do Araripe, Ceará. O grupo em questão, o dos Cypridopina, tem espermatozoides com até dez vezes o tamanho do seu corpo, que tem 1 milímetro.
O grupo estudado existe até hoje. "Eles são abundantes, apesar de praticamente desconhecidos. Habitam quase todos os tipos de ambiente aquático", diz Ricardo Pinto, biólogo da Universidade de Brasília.
Os ostracodes do Araripe são famosos pelo grau elevado de preservação. Esse fato permitiu que exemplares da região fossem estudados em Grenoble, na França, com uma nova técnica de investigação não destrutiva, a holotomografia.
Após a análise das partes internas do bicho, a surpresa: as estruturas sexuais gigantescas, que ocupam um terço do volume do corpo, estavam lá.
Os ostracodes não são os únicos que trilharam esse caminho evolutivo. Drosófilas (moscas-das-frutas), aves e até primatas desenvolveram a estratégia.
As drosófilas têm espermatozoides de 6 centímetros, apesar de medirem só alguns milímetros. É como se o espermatozoide do homem tivesse 40 metros, calculam os cientistas.
"A grande questão agora é por que ocorreu isso entre os ostracodes", diz Matzke-Karasz. Afinal, investir em espermatozoides gigantes aumenta o gasto de energia do bicho -uma potencial desvantagem. Via de regra, os espermatozoides são sempre muito menores do que os óvulos.
"Em drosófila, sabemos que existe uma grande pressão da seleção sexual aliada ao processo", diz a alemã, que estará em julho em Brasília, num congresso sobre ostracodes.
Espécies como as drosófilas são muito promíscuas, e espermatozoides de vários machos competem no corpo da fêmea. Para terem mais chance de passar seus genes adiante, esses machos investiram em qualidade em vez de quantidade.
Por EDUARDO GERAQUE
da Folha de S.Paulo
Segundo o estudo, publicado hoje no periódico "Science", crustáceos minúsculos conhecidos como ostracodes "inventaram" esses gametas imensos há pelo menos 100 milhões de anos. A comprovação surge de ostracodes fossilizados na bacia do Araripe, Ceará. O grupo em questão, o dos Cypridopina, tem espermatozoides com até dez vezes o tamanho do seu corpo, que tem 1 milímetro.
"É a incidência mais antiga desse interessante modo de reprodução entre os animais", afirma Renate Matzke-Karasz, da Universidade de Munique, a principal autora do estudo.
O grupo estudado existe até hoje. "Eles são abundantes, apesar de praticamente desconhecidos. Habitam quase todos os tipos de ambiente aquático", diz Ricardo Pinto, biólogo da Universidade de Brasília.
Os ostracodes do Araripe são famosos pelo grau elevado de preservação. Esse fato permitiu que exemplares da região fossem estudados em Grenoble, na França, com uma nova técnica de investigação não destrutiva, a holotomografia.
Após a análise das partes internas do bicho, a surpresa: as estruturas sexuais gigantescas, que ocupam um terço do volume do corpo, estavam lá.
Os ostracodes não são os únicos que trilharam esse caminho evolutivo. Drosófilas (moscas-das-frutas), aves e até primatas desenvolveram a estratégia.
As drosófilas têm espermatozoides de 6 centímetros, apesar de medirem só alguns milímetros. É como se o espermatozoide do homem tivesse 40 metros, calculam os cientistas.
"A grande questão agora é por que ocorreu isso entre os ostracodes", diz Matzke-Karasz. Afinal, investir em espermatozoides gigantes aumenta o gasto de energia do bicho -uma potencial desvantagem. Via de regra, os espermatozoides são sempre muito menores do que os óvulos.
"Em drosófila, sabemos que existe uma grande pressão da seleção sexual aliada ao processo", diz a alemã, que estará em julho em Brasília, num congresso sobre ostracodes.
Espécies como as drosófilas são muito promíscuas, e espermatozoides de vários machos competem no corpo da fêmea. Para terem mais chance de passar seus genes adiante, esses machos investiram em qualidade em vez de quantidade.
Por EDUARDO GERAQUE
da Folha de S.Paulo
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