ALÔ, COMO VOCÊ ESTÁ?
- Alô? Toco, meu amigo? Como você está?
Do outro lado da linha, uma voz rouca atendeu:
- Ola amigo, mas que surpresa a sua ligação, sabe que falei de você para meu filho estes dias?
- Filho? Como assim? Você descobriu que tem um filho?
- Opa! Você não se lembra do Toro Junior? Ele tem a idade do seu, eles até brincavam juntos.
- Toro? É você?
- Claro que sou, pra quem você ligou?
Neste momento já estava claro para os dois que a ligação aconteceu por um engano. A intenção era falar com Toco, apelido que tinha o amigo Osvaldo, mas no momento de localizar o nome no celular, a ligação foi para Toro – Alberto, um grande amigo de anos atrás, quando eles partilhavam de um mesmo local de trabalho. Dez anos separavam o telefonema e o último encontro dos dois.
- Desculpe Toro, sinto-me envergonhado, pois honestamente não era minha intenção ligar para você, mas sim para um amigo que tem um nome parecido, e que também já não converso faz algum tempo.
Ser honesto em admitir o engano ajudou a quebrar o clima e após um minuto de desculpas mútuas, engataram uma conversa muito agradável e promessas de retomada do contato com mais frequência.
Empolgado pela inusitada experiência, ele decidiu fazer novas ligações, agora escolhendo justamente aquelas pessoas que já não tinha contato há muito tempo.
Muitas reações diferentes foram acontecendo a cada nova ligação.
Casamentos, separações, filhos, novos empregos, viagens, falecimentos, o repertório era enorme. Depois de algumas ligações, sentia uma euforia enorme no peito, afinal, mesmo quando a pessoa relatava um fato triste, a conversa se transformava em palavras de apoio.
Houveram ligações em que as alegrias vividas no passado dominavam a conversa e inevitavelmente surgiam perguntas sobre outros amigos comuns, o que acabava servindo de inspiração para outras novas ligações.
Normalmente, a primeira coisa que ouvia após se identificar para o amigo, era que haviam pensado nele recentemente. Da mesma forma que aconteceu com seu amigo Toro.
Isto o deixou um pouco intrigado. Afinal, se haviam pensado nele recentemente, porque não tomaram a iniciativa de ligar?
Decidiu continuar com as ligações. Diariamente escolhia três pessoas e fazia as ligações. Sempre iniciava a conversa com:
- Alô, como você está?
Depois das primeiras formalidades, ele sempre era questionado sobre o motivo da ligação. Algumas vezes de forma elegante:
- A que devo a honra desta ligação do ilustre amigo?
Outras vezes, mais curta:
- Que manda?
De qualquer forma, sempre ficava a sensação de que a ligação tinha algum motivo primário. Ninguém parecia acreditar que realmente a ligação era somente para saber como estava.
Depois de dezenas de ligações, lembrou do amigo Toco, aquele que deveria receber a ligação no lugar do Toro. Percebeu que, enquanto ligava para outras pessoas, acabou esquecendo do amigo. Mesmo sem intenção, estava agindo da mesma forma que seus amigos. Pensava em alguém, mas acabava se ocupando com outras atividades e não fazia um contato.
Decidiu ligar para o Toco:
- Alô? Toco, meu amigo? Como você está?
- Oi cara, tudo bem? Estava pensando em você?
Com a resposta típica, ele decidiu questionar:
- Sério? Porque estava pensando em mim? Porque não me ligou?
A resposta confundiu mais do que esclareceu:
- Você não vai acreditar. Falei com uma pessoa, que falou com uma outra pessoa, que falou com outra, que disse que você havia ligado para ela.
- Como é que é?
- Pois é...quando me falaram que você estava ligando para todos os nossos amigos, eu decidi ligar pra você para convidá-lo para um jantar.
- Mesmo? Onde será o jantar? Quando?
- Então, é por isso que eu pensei em você, pois decidi convidar todos os nossos amigos para o jantar que será daqui algumas semanas na sua casa, ok?
A surpresa do convite foi rapidamente superada pela expectativa do reencontro com vários amigos, agora pessoalmente e não mais por telefone.
Lembrou-se de uma frase que ouviu em uma de suas ligações:
“as amizades precisam ser cultivadas como flores no jardim, se não forem regadas, não sobrevivem.”
Manter uma amizade é muito simples, basta uma ligação, basta um simples:
- Alô, como você está?
Do outro lado da linha, uma voz rouca atendeu:
- Ola amigo, mas que surpresa a sua ligação, sabe que falei de você para meu filho estes dias?
- Filho? Como assim? Você descobriu que tem um filho?
- Opa! Você não se lembra do Toro Junior? Ele tem a idade do seu, eles até brincavam juntos.
- Toro? É você?
- Claro que sou, pra quem você ligou?
Neste momento já estava claro para os dois que a ligação aconteceu por um engano. A intenção era falar com Toco, apelido que tinha o amigo Osvaldo, mas no momento de localizar o nome no celular, a ligação foi para Toro – Alberto, um grande amigo de anos atrás, quando eles partilhavam de um mesmo local de trabalho. Dez anos separavam o telefonema e o último encontro dos dois.
- Desculpe Toro, sinto-me envergonhado, pois honestamente não era minha intenção ligar para você, mas sim para um amigo que tem um nome parecido, e que também já não converso faz algum tempo.
Ser honesto em admitir o engano ajudou a quebrar o clima e após um minuto de desculpas mútuas, engataram uma conversa muito agradável e promessas de retomada do contato com mais frequência.
Empolgado pela inusitada experiência, ele decidiu fazer novas ligações, agora escolhendo justamente aquelas pessoas que já não tinha contato há muito tempo.
Muitas reações diferentes foram acontecendo a cada nova ligação.
Casamentos, separações, filhos, novos empregos, viagens, falecimentos, o repertório era enorme. Depois de algumas ligações, sentia uma euforia enorme no peito, afinal, mesmo quando a pessoa relatava um fato triste, a conversa se transformava em palavras de apoio.
Houveram ligações em que as alegrias vividas no passado dominavam a conversa e inevitavelmente surgiam perguntas sobre outros amigos comuns, o que acabava servindo de inspiração para outras novas ligações.
Normalmente, a primeira coisa que ouvia após se identificar para o amigo, era que haviam pensado nele recentemente. Da mesma forma que aconteceu com seu amigo Toro.
Isto o deixou um pouco intrigado. Afinal, se haviam pensado nele recentemente, porque não tomaram a iniciativa de ligar?
Decidiu continuar com as ligações. Diariamente escolhia três pessoas e fazia as ligações. Sempre iniciava a conversa com:
- Alô, como você está?
Depois das primeiras formalidades, ele sempre era questionado sobre o motivo da ligação. Algumas vezes de forma elegante:
- A que devo a honra desta ligação do ilustre amigo?
Outras vezes, mais curta:
- Que manda?
De qualquer forma, sempre ficava a sensação de que a ligação tinha algum motivo primário. Ninguém parecia acreditar que realmente a ligação era somente para saber como estava.
Depois de dezenas de ligações, lembrou do amigo Toco, aquele que deveria receber a ligação no lugar do Toro. Percebeu que, enquanto ligava para outras pessoas, acabou esquecendo do amigo. Mesmo sem intenção, estava agindo da mesma forma que seus amigos. Pensava em alguém, mas acabava se ocupando com outras atividades e não fazia um contato.
Decidiu ligar para o Toco:
- Alô? Toco, meu amigo? Como você está?
- Oi cara, tudo bem? Estava pensando em você?
Com a resposta típica, ele decidiu questionar:
- Sério? Porque estava pensando em mim? Porque não me ligou?
A resposta confundiu mais do que esclareceu:
- Você não vai acreditar. Falei com uma pessoa, que falou com uma outra pessoa, que falou com outra, que disse que você havia ligado para ela.
- Como é que é?
- Pois é...quando me falaram que você estava ligando para todos os nossos amigos, eu decidi ligar pra você para convidá-lo para um jantar.
- Mesmo? Onde será o jantar? Quando?
- Então, é por isso que eu pensei em você, pois decidi convidar todos os nossos amigos para o jantar que será daqui algumas semanas na sua casa, ok?
A surpresa do convite foi rapidamente superada pela expectativa do reencontro com vários amigos, agora pessoalmente e não mais por telefone.
Lembrou-se de uma frase que ouviu em uma de suas ligações:
“as amizades precisam ser cultivadas como flores no jardim, se não forem regadas, não sobrevivem.”
Manter uma amizade é muito simples, basta uma ligação, basta um simples:
- Alô, como você está?
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