O melhor lugar do mundo para se viver

Aquele menino não tinha limites para seus sonhos.


Diante da euforia mundial com a chegada do primeiro homem na Lua, ele sonhou em ser astronauta. Seu herói era Neil Armstrong, que podia ficar longe das guerras e das revoluções. No sonho, o espaço sideral era o melhor lugar do mundo para se viver.

Poucos anos se passaram e um terrível incêndio virou noticia instantânea na televisão. Ele via pessoas em chamas, se atirando para a morte, numa das primeiras transmissões ao vivo da TV. Neste momento, sonhou ser um Bombeiro. Seu herói era anônimo, que ajudava as pessoas a ficarem longe do perigo. No sonho, sua cidade, era o melhor lugar do mundo para se viver.

Quando seu pai começou a dirigir um automóvel, sua família ficou muito orgulhosa e contente, pois agora poderiam passear com maior comodidade. Ter o carro na garagem de casa o levou ao mundo dos automóveis, e assistir o piloto de corridas favorito ganhar o grande prêmio, virou programa principal nos domingos. Foi quando ele sonhou ser um piloto de Formula 1. Seu herói era Emerson Fittipaldi, que usando sua habilidade, mostrava a todos que estar atrás do volante de um carro de corrida, era o melhor lugar do mundo para se viver.
 
Certa vez, um circo chegou na cidade despertando a curiosidade do menino, pois haviam muitas coisas diferentes e novas naquele lugar.


Ele conheceu a coragem do domador de leões. Teve a mente desafiada pelas habilidades do acrobata. Ficou impressionado com o carisma do mágico. Todos eram vibrantes e sedutores em suas apresentações. O colorido era intenso, muitos sonhos aconteceram simultaneamente, muitos heróis surgiam.

O menino ficou zonzo, não conseguia escolher um herói para seu sonho. Ele queria ser todos ao mesmo tempo, mas sabia que seria impossível. Teria que escolher um.

Muitos anos se passaram sem a escolha, por isso aquele sonho não se finalizou por estar sem um herói.

Quando o menino cresceu, viu que as crianças já não sonhavam mais da mesma maneira. Os estímulos era tantos, as novas tecnologias traziam tantas possibilidades que não havia mais a busca por heróis, apenas por experiências intensas.

Lembrou-se então do seu sonho e decidiu procurar um circo para levar as crianças de hoje. Infelizmente não encontrou.

Vendo sua tristeza, uma das criança sugeriu que ele procurasse algum vídeo na internet. Muito cético, ele relutou, pois acreditava que não haveriam vídeos sobre circo.

A destreza da criança em pesquisar o assunto na rede mundial impressionava e não demorou muito, vários vídeos estavam disponíveis. Um particularmente chamou a atenção, pois falava exatamente de um personagem que ele havia conhecido naquela sua visita ao circo quando era criança.

Naquele ocasião viu entrando no palco, uma figura multi-colorida e cativante. Que teve coragem de entrar na jaula dos leões e brincar com eles. Que subiu no trapézio e voou com o acrobata, e depois tirou o coelho da cartola do mágico.

Tanto ele quando a criança que hoje o auxiliava ficaram encantados como a homenagem que estavam prestando aquele personagem.

Chorando, ele disse à criança que depois de tantos anos, havia sonhado novamente.

Desta vez sonhou ser um palhaço. Seu herói se chamava Arrelia, que usava todo seu sorriso para fazer do mundo, o melhor lugar para se viver.

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