Comício reúne 20 mil para ouvir Lula e Dilma na Boca Maldita

A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff teve, ontem, em Curitiba, seu primeiro evento público de campanha no Paraná, um dos estados em que ainda perde por uma boa margem para seu principal adversário, José Serra (PSDB). Ao lado do presidente Lula e dos candidatos ao governo do Paraná, Osmar Dias (PDT) e ao Senado, Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB), Dilma participou de um comício para cerca de 20 mil pessoas na Boca Maldita, no centro de Curitiba.

No comício, a candidata voltou a criticar a pregação do medo por parte do PSDB. "Viemos aqui repudiar aqueles que, diante da possibilidade de perder seus privilégios, ameaçam com medo e tentam transformá-lo, além de uma forma baixa de fazer política, uma forma de substituir a ausência de projetos, tentando instilar o medo", afirmou. "Foi o que tentaram fazer em 2002, levando artistas à televisão dizendo que tinham medo do que poderia acontecer se elegêssemos Lula. E, naquela época, a esperança venceu o medo. Desta vez, vamos vencer o medo mostrando o que fizemos. Com o Bolsa Família, com o Minha Casa, Minha Vida, com as pessoas ascendendo de classe social", disse. Na sequência, em entrevista coletiva, Dilma voltou a comentar a questão. "É patético, ou eles estão desesperados, ou não percebem onde estão vivendo".

Mas foi o presidente Lula que fez as vezes de cabo eleitoral para pedir votos à candidata a sucedê-lo. Afirmando que seu governo vem combatendo o preconceito contra as mulheres, dando cargos importantes às mulheres e tendo as mães de família como as proprietárias dos cartões do Bolsa Família e signatárias dos contratos do Minha Casa, Minha Vida, Lula disse que chegou a hora de uma mulher governar o país. "Porque governar é fácil, qualquer um consegue. Mas você, Dilma, tem que cuidar do povo brasileiro, como cuida de um filho".


O presidente também apelou para a necessidade de continuidade de seu governo. "Estamos consertando o que a elite brasileira não consertou em 500 anos. E não é em oito, dez anos que vamos conseguir fazer isso. Governar não é difícil, basta saber de que lado vocês está, quem você quer priorizar. E quando estiver atormentado pela oposição, como aconteceu comigo em 2005, é só sair às ruas e ouvir o povo", disse o presidente. "Dilma foi a gestora do meu governo. Gerenciou o PAC, o Minha Casa Minha Vida, a política energética. Na hora de votar, não precisa muito esforço. Basta olhar o Brasil de 2002 e o Brasil de agora e fica fácil escolher", prossegui Lula.

Na coletiva, questionada se tinha alguma estratégia para crescer no Paraná, a candidata voltou a se apegar à comparação entre os governos. "A estratégia é mostrar a diferença entre falar e fazer. Vamos mostrar que quando eles puderam, não fizeram, enquanto nós transformamos o país, mudamos a vida das famílias brasileiras", declarou.




"Nós a receberemos de braços abertos no Brasil"

Estrela do comício, com a missão de transferir seu carisma para Dilma e Osmar, Lula falou por cerca de 50 minutos aos curitibanos. Pediu votos para aliados, criticou a oposição, lembrou histórias e terminou com apelo ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, para que não cumpra a sentença de morte de Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento por adultério. Lula ofereceu abrigo à iraniana. "É uma questão complicada, por se tratar da lei e da política de outro país. Mas nada justifica tirar a vida de uma pessoa. Então, se essa mulher está causando incômodo lá no Irá, nós a receberemos de braços abertos no Brasil", declarou.

Ao pedir voto aos eleitores de Curitiba, Lula criticou a atuação da oposição nos oito anos de seu mandato. "Quero pedir que vocês sejam muito rígidos na hora de escolher seus candidatos a deputado, para que a presidente não tenha sua vida prejudicada nos grandes projetos. Peço a Deus que a Dilma não tenha o Senado que eu tive, que por mesquinharia derrubou a CPF e os R$ 40 bilhões por ano para a Saúde", disse. Ele criticou o seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. "Sempre me perguntam o que vou fazer depois que deixar a presidência. Eu quero ensinar a um ex-presidente da República a ser ex-presidente e não dar palpite no governo dos outros". Ao relembrar sua história, Lula disse que sofreu preconceito por não ter formação superior, por não falar outro idioma. "Sempre perguntavam como eu iria tratar com as lideranças mundiais sem nem falar inglês. E, agora, eu é que pergunto: em que momento da história do Brasil fomos reconhecidos internacionalmente como agora?". (RP)

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