Copa do Mundo deve deixar legado ao Paraná

Os estádios são as grandes vedetes da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil. Estima-se que somente com as arenas das 12 cidades-sedes serão gastos R$ 4 bilhões. Pelo menos, pois ainda existem muitas alterações nos projetos iniciais e em vários locais as obras nem começaram ainda. A Arena da Baixada, pertencente ao Clube Atlético Paranaense, foi escolhida para ser o estádio de Curitiba, uma das cidades que vai receber o Mundial. Apesar de se encontrar muito à frente em relação a outros estádios, são necessárias obras de reforma e de conclusão do local.

O custo previsto inicialmente é de R$ 138 milhões. Os recursos ainda não estão definidos, mas o dinheiro deve sair do clube e de um financiamento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Fora isto, ainda estão programadas intervenções nos arredores do estádio, para garantir um acesso facilitado para os torcedores. Devem ser gastos pelo menos R$ 32 milhões para isto, além dos custos com projetos para as obras fora e dentro do estádio. Tudo totaliza cerca de R$ 185 milhões.

Mas e depois da Copa do Mundo? Como um estádio pode se tornar um legado para a população? Com este mesmo montante, seria possível construir em Curitiba 236 Centros de Referência e Assistência Social (CRAS) ou 164 unidades básicas de saúde ou 321 Armazéns da Família ou 141 creches ou 90 escolas. O Clube Atlético Paranaense deve investir cerca de R$ 40 milhões, que são recursos privados. Mas o dinheiro vindo do BNDES é público. O banco tem linhas de financiamento para os municípios (Modernização da Administração Tributária e de Gestão dos Setores Sociais Básicos; Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos; Projetos Multissetoriais Integrados Urbanos; Serviços de Educação, Saúde, Assistência Social e Segurança; Projetos Estruturadores de Transporte Urbano). O BNDES também ajuda empresas de diferentes portes, o que se aplicaria ao caso da Arena da Baixada, por meio da construtora responsável pela obra. Para a Copa, o BNDES vai aceitar projetos de arenas e sistemas hoteleiros.
"O melhor conceito seria agregar valor e tornar o estádio um complexo com outros atrativos, como centros residenciais e comerciais. Por si só pode virar um centro turístico mesmo para quem não vai aos jogos. Mas somente o estádio sozinho não atinge um ponto de equilíbrio. O ideal é criar modelos alternativos e incorporar conceitos. Não se deve olhar apenas como um estádio", comenta José Carlos Pinto, sócio de consultoria da Ernst & Young, empresa que divulgou o relatório Brasil Sustentável - Impactos socioeconômicos da Copa do Mundo de 2014, feito em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.
Além dos estádios, a Fifa exige infraestrutura adequada para sediar o Mundial. O Brasil está prevendo obras de infraestrutura em diversos setores, especialmente em mobilidade urbana. Entre elas estão obras que deveriam ter saído do papel há anos. "Um dos grandes legados de megaeventos é fazer com que o País faça investimentos que foram deixados de lado por falta de recursos. Os prazos curtos pressionam", explica Christian Sudbrack, gerente de consultoria em gestão da Deloitte, empresa que lançou duas publicações sobre o assunto: Brasil, bola da vez - negócios e investimentos a caminho dos megaeventos esportivos e A lasting legacy - How major sporting events can drive positive change for host communities e economies (Legado duradouro -Como grandes eventos esportivos podem diregionar mudanças positivas para a comunidade e economia das cidades-sedes, em tradução livre).

E para que estas obras realmente fiquem como um legado para a população e não sejam "abandonadas" após a Copa do Mundo, é preciso pensar em planejamento, controle e gestão. "O planejamento do uso futuro tem que começar já. Se você não atualizar, não renovar, o capital deprecia e se torna obsoleto. A manutenção não pode ser prevista somente no pós-Copa. Se pensar agora, serão potencializados os benefícios do legado", avalia José Carlos Pinto, da Ernst & Young, que também considera como legados a melhoria da imagem do País e a capacitação profissional.

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