EUA "IMPRIME" US$ 600 BILHÕES: TENTATIVA INÓCUA PARA SUPERAR A CRISE CAPITALISTA

Na arena financeira mundial, em que os gigantes imperialistas impõem às semicolônias as regras do jogo e os campeões são inevitavelmente os grandes grupos financeiros que sobrevivem do parasitismo estatal e da especulação na roleta das bolsas de valores, a classe trabalhadora dos países centrais aos periféricos, são as verdadeiras vítimas da disputa, atolada no desemprego, com o achatamento salarial e a perda de benefícios sociais paulatinamente subtraídos, além de enfrentar a carestia dos bens de primeira necessidade. 
 

EUA "IMPRIME" US$ 600 BILHÕES

TENTATIVA INÓCUA PARA SUPERAR A CRISE CAPITALISTA

Um dos assuntos mais debatidos no macro cenário político-econômico diz respeito ao "pacote de US$ 600 bilhões" anunciado pelo Banco Central estadunidense (FED) em 03 de novembro, dia seguinte das eleições legislativas que fizeram Obama perder maioria na Câmara. Justificada para "oxigenar a economia" do país, tamanha injeção de moeda constitui-se como um passo concreto na trilha da "guerra cambial" travada contra a China, às vésperas do encontro do G20 que se realiza na capital da Coréia do Sul, nestes dias 11 e 12 de novembro, cuja questão é o principal eixo temático do encontro. Os EUA encabeçam a pressão internacional para que a "potência" asiática liberalize seu câmbio, hoje austeramente fixado por Pequim.

O segundo grande pacote de emissão de moedas norte-americanas do último período (nomeado "QE2"), preparado pelo FED, depois de inundar o mercado com cerca de 1,7 trilhão de dólares a partir de dezembro de 2008, no auge do crash financeiro, empregado em grande maioria para subsidiar com recursos estatais os trustes financeiros insolventes através da aquisição de seus títulos podres, projeta desta vez a recompra de títulos do Tesouro a vencerem em médio prazo até junho de 2011, empregando por mês US$ 75 bilhões. A este montante agregaria-se cerca de US$ 300 bilhões em recursos do pagamento de hipotecas prestes a vencerem. Com isso, os EUA buscam a autodesvalorização do dólar, na medida em que o mercado é abundado com a moeda proporcionando maior oferta de crédito pelos bancos comerciais e estímulo das exportações.

Como resquício da planificação econômica empreendida pelo Estado chinês, o câmbio de sua moeda, o yuan, sobrevive pré-fixado, controlado pelo governo para que se mantenha em patamares subvalorizados, segundo severas críticas lançadas pelas "autoridades" monetaristas internacionais das fileiras do capital especulativo, pois segue na contramão da maioria dos países que utilizam o câmbio flutuante "equilibrado" pelo mercado. Daí a razão para uma cruzada desatada contra a China que cresce vertiginosamente a dois dígitos enquanto outros países centrais como os EUA apresentam déficit em sua conta corrente e desequilíbrio no comércio com os asiáticos. Com o consumo interno ainda pouco aquecido no quadro pós-crise, a busca por novos mercados é o móvel para um possível aquecimento das economias estagnadas. A mais populosa das nações passa então a representar um filão a ser explorado, fazendo salivar o imperialismo ianque. Preocupado com os desdobramentos de uma possível invasão de dólares, o governo chinês orientou que se realize um rigoroso controle do afluxo da moeda para o país.

O repique sentido na economia dos chamados "países emergentes" seria a diminuição de suas exportações, a começar pelas "potências tecnológicas" como a China, principal alvo. O "aquecimento" do mercado interno norte-americano baseado na ofensiva cambial de Washington em vista de incentivar o crédito e a produção local, traz no outro prato da balança a obstacularização das importações chinesas, que vê sua economia movimentar-se neste patamar graças ao fato do mercado consumidor norte-americano ser hoje um dos principais propulsores deste "milagroso" crescimento. Não saem ilesos, todavia, os países exportadores de commodities agrominerais como o Brasil, que tem seus produtos retaliados na selvagem disputa de mercados consumidores e escoamento de sua produção, além da baixa do dólar provocar o encarecimento dos produtos nacionais ao contar com uma moeda local forte. Em contrapartida, ao Brasil ainda cabe o determinante papel de fornecer matérias-primas reguladas pelo preço internacional cotado na moeda estrangeira em valor rebaixado. Ao contrário da China, "paraísos" financeiros cuja expressão máxima é o Brasil que tem a maior taxa de juros do mundo, torna-se o desaguadouro natural para a torrente de dólares, investimentos assegurados por uma estabilidade forjada pelo governo da frente popular com o absorvimento das lutas sociais.

A disputa cambial traz em sua esteira necessariamente uma guerra comercial que começa a ser objeto de discussões, cujas indutoras são as potências imperialistas ianque e européias. A única determinante no nível da ofensiva é o papel ocupante na divisão mundial do trabalho, e por isso a China é a bola da vez na guerra cambial. Na arena financeira mundial, em que os gigantes imperialistas impõem às semicolônias as regras do jogo e os campeões são inevitavelmente os grandes grupos financeiros que sobrevivem do parasitismo estatal e da especulação na roleta das bolsas de valores, a classe trabalhadora dos países centrais aos periféricos, são as verdadeiras vítimas da disputa, atolada no desemprego, com o achatamento salarial e a perda de benefícios sociais paulatinamente subtraídos, além de enfrentar a carestia dos bens de primeira necessidade.

Está sendo comum ver os representantes governamentais presentes no G20 manifestarem suas lamúrias sobre a política econômica ianque, obviamente visando atenuar as perdas de suas burguesias nacionais e das frações que representam. No entanto, o consenso entre os que "decidem" e seus coadjuvantes é que o mercado chinês merece uma exploração mais frenética pelos grupos internacionais, sem as barreiras "arbitrárias" do governo de Pequim. Nesta "disputa", o maior sacrificado é o povo que vive de seu trabalho, independente de que país esteja localizado, a mudança é apenas de grau. Bem longe da concorrência interburguesa e dos métodos de sabotagem empreendidos pelos gurus do "mercado", esta é a selvagem forma de funcionamento do capitalismo global, sobretudo em sua fase financeira. Assim sendo, a única saída estratégica plausível a ser construída pela classe operária mundial é sua luta revolucionária pela expropriação das burguesias multinacionais e nacionais, submetendo os meios de produção e os bancos a sua planificação direta gerida por um Estado operário na senda da construção de uma sociedade socialista.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Kirin anuncia compra de 100% da Schincariol

Fundo Amazônia tem 30 projetos, com R$ 300 milhões em financiamentos do BNDES

Ministério Público do Ceará denuncia R$ 202 milhões em sonegação