Nádia disse, ainda, que a USP está se dobrando ao Conselho Federal de Enfermagem, que tem dificultado o registro de obstetrizes formadas. “Há duas saídas possíveis: a reformulação curricular ou a contestação judicial, mas a USP optou pela saída covarde, de atender ao conselho”, afirmou a coordenadora.
Atualmente, o curso de obstetrícia da USP Leste, que pertence à Escola de Artes, Ciências e Humanidades, tem cinco turmas de 60 alunos cada e duas já formadas. A graduação tem uma duração de quatro anos e meio e, em 1974, já sofreu com a extinção e a fusão à enfermagem – ressurgindo em 2005. A estudante Jéssica Nascimento, também do terceiro ano, afirmou que a universidade quer reduzir 330 das 1.020 existentes no campus. “O curso de enfermagem não tem estrutura para não abrigar”, avaliou.
Manifestante assina abaixo-assinado em defesa do curso (Foto: Luna D'Alama/G1)
"Nossa faculdade surgiu como um pedido de movimentos sociais para atender à demanda brasileira de partos normais e reduzir o número de cesarianas”, disse a aluna Flávia Estevan, do terceiro ano.De acordo com ela, o objetivo é acabar com a “fábrica de cesáreas”, já que 90% dos partos na rede privada do país e 50% do Sistema Único de Saúde (SUS) são desse tipo, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda no máximo 15% desses partos nos dois sistemas juntos. “Hoje o médico é o protagonista e a mulher passa por uma cirurgia. Gravidez não é doença”, destacou Flávia.
A enfermeira obstetra Vilma Nishi, que atua há 35 anos com partos humanizados e já fez mais de 700 em residências, acha que enfermeiros e obstetrizes devem unir forças, porque a figura mais importante dessa história é a mulher. “Nunca vi a USP fechar um curso”, lamentou.
Em comunicado, a direção da universidade diz que “a avaliação permanente da graduação e a revisão dos cursos da EACH é absolutamente natural, indo de encontro às demandas sociais, científicas e tecnológicas da sociedade”. “A principal preocupação é com os egressos e com os alunos que estão cursando Obstetrícia. Se for necessária outra reformulação do curso, ela será feita”, afirmou Telma Zorn, pró-reitora de graduação.
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