A Secretaria municipal de Saúde do Rio informou nesta terça-feira (27)
que foi demitido o médico do Hospital Miguel Couto, na Zona Sul, que
escreveu no braço de três grávidas a maternidade para onde elas deviam
ir e as linhas de ônibus que deveriam pegar em julho de 2009. A
informação é da Secretaria municipal de Saúde. A decisão foi tomada na
segunda-feira (26).
A secretaria informou que o desligamento ocorreu de acordo com os
trâmites legais, sendo resultado de processo administrativo, executado
pela Secretaria Municipal de Administração, que constatou transgressão
ao Estatuto dos Funcionários Públicos. O processo foi originado a partir
de sindicância feita pela Hospital Municipal Miguel Couto em função dos
fatos ocorridos em 2009.
De acordo com a secretaria, o médico estava atualmente lotado no setor
de arquivo e faturamento do Hospital Miguel Couto, exercendo função
administrativa, sem contato com o público. O médico foi afastado durante
o período de duração da sindicância.
A denúncia de descaso e constrangimento foi noticiada pelo site do
jornal "O Globo". As grávidas chegaram ao hospital no dia 2 de julho de
2009 para dar à luz, mas depois de examinadas um médico escreveu à
caneta no braço delas o nome da maternidade Fernando Magalhães, em São
Cristóvão, na Zona Norte, e também as linhas de ônibus que elas deveriam
pegar.
Manuela Costa, de 29 anos, perdeu o bebê e as outras duas pacientes tiveram os filhos.
No dia 13 de julho de 2009, o médico esteve na 14ª DP (Leblon) e negou ao delegado assistente Rodrigo Martiniano, as acusações de que teria se negado a prestar atendimento à grávida.
“Ele alegou que quando atendeu a Manoela ela estava clinicamente
estável. E chegou a liberá-la para ir para casa”, disse o delegado. “No
depoimento, ele conta que não a encaminhou para a Maternidade Fernando
Magalhães, mas fez apenas uma indicação, de uma unidade que é referência
do município, caso ela tivesse algum problema”.
Sobre o fato de ter rabiscado braço de Manoela o número da linha de
ônibus e o nome do hospital, o médico justificou que não havia papel por
perto que pudesse fazer a anotação. “Ele disse que perguntou a uma
servente o número do ônibus para orientar a paciente”, falou o delegado.
O médico também declarou, na época, que não procurou ambulâncias, já que havia liberado a paciente para voltar para casa.
"Não há crise no sistema de saúde pública que justifique aquela atitude
do médico", disse o prefeito Eduardo Paes, sobre o descaso do
profissional do Hospital Miguel Couto, afirmou, o prefeito Eduardo Paes,
na ocasião.
Também em julho, o secretário municipal de Saúde, Hans Dohmann,
visitou, na maternidade Fernando Magalhães, a jovem que perdeu o bebê
após a cesariana de emergência. Manuela afirmou ao secretário que foi examinada por um médico e que ele escreveu à caneta em seu braço.
"Uma situação triste e inadmissível, totalmente fora dos padrões. Estamos indignados", disse Dohmann.
De acordo com o secretário, o procedimento padrão, em casos de alto
risco como o da jovem é o hospital fornecer ambulância de transporte
para o paciente. Para Dohmann, o médico ter mandado a grávida ir de
ônibus para a maternidade foi o fator mais grave.
"Não há motivos para ele ter agido dessa forma, já que temos
ambulâncias nos hospitais, além das ambulâncias do SAMU (Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência)", afirmou na ocasião.
Via G1
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