Ex-comandante foi 'autor intelectual' de crime contra juíza, diz delegado

O delegado da Divisão de Homicídios, Felipe Ettore, afirmou na tarde desta terça-feira (27) que o ex-comandante da PM, tenente-coronel Claudio Luiz Oliveira, suspeito de mandar matar a juíza Patrícia Acioli teria o feito por estar sendo investigado por ela por envolvimento em execuções e casos de corrupção na região de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. A juíza foi morta com 21 tiros na porta de casa, no dia 11 de agosto, em Niterói, também Região Metropolitana.

"Ele foi o autor intelectual desse crime. Há testemunhos de que a juíza gostaria de prendê-lo, estava buscando elementos para comprovar a participação em crimes. E ele lançou mão desse artifício para não ser preso. A motivação foi essa. O autor intelectual ia ser preso mais cedo ou mais tarde, e a forma dele afastar essa possibilidade foi a execução", afirmou, Ettore, durante entrevista coletiva nesta tarde dada junto com o Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, a chefe de Polícia Civil, Martha Rocha e o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Manoel Alberto Rebêlo dos Santos.

"Sou inocente e tenho certeza de que isso vai ficar provado. Não tenho conhecimento do depoimento de ninguém (sobre o caso da morte da juíza)", falou o tenente-coronel, quando chegou nesta tarde à Divisão de Homicídios da Barra da Tijuca, para ser ouvido.

Perguntado se teria algum envolvimento na morte da juíza, ele afirmou "de jeito nenhum" e entrou.
O secretário Beltrame afirmou que a transferência de batalhão do coronel – que uma semana após a morte da juíza foi transferido para o comando do 22º BPM (Maré) - não tem relação com os indícios de ele ser o mandante do crime, e nem foi considerada uma promoção ao comandante.

“Eu entendo que não é promoção. Eu cobro que as mudanças sejam feitas. Investigação a gente fica quieto e apresenta resultado. As mexidas, a gente sempre faz isso. Não há nem um tipo de proteção. Nem a ele nem a ninguém”, afirmou o secretário. “Quando tivemos esse fato, a decisão foi tomada. Indícios, conversas, é muito difícil você tirar uma pessoa sob pena de cometer injustiças”, concluiu.

Beltrame também afirmou que o Batalhão de São Gonçalo estava conseguindo bons índices de redução de criminalidade enquanto o coronel Cláudio Luiz estava no comando.
De acordo com Ettore, a morte da juíza estava sendo planejada desde abril e maio. E que, apesar de o comandante ter dado a ordem da execução aos policiais, alguns também se beneficiariam com sua morte.
O presidente do Tribunal de Justiça elogiou o trabalho da Polícia Civil. “Existem diligências a serem feitas, mas temos fatos confessados na presença de um juiz, dois promotores de justiça e dois defensores. Não há como alegar que o fez porque foi forçado, foi de livre e espontânea vontade”, disse.

Já o presidente da Associação dos Magistrados do estado do Rio (Amaerj), Antônio Cesar de Siqueira, lamentou o fato de o mandante do crime ser um oficial de alta patente da PM: "O Rio de Janeiro tem que parabenizar o trabalho da Polícia Civil, mas tem que lamentar profundamente que pessoas que ocupam cargos de comando na Polícia Militar estejam envolvidas em um ataque tão grave à democracia brasileira. Isso é inaceitável. Não é razoável que pessoas com essa personalidade tenham cargos dessa importância dentro da estrutura institucional estatal."

O ex-comandante chegou às 15h55 desta terça-feira (27) à Divisão de Homicídios, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, onde será ouvido.

A Divisão de Homicídios informou, nesta tarde, que policiais cumprem mandados de busca e apreensão na casa do ex-comandante.

Em depoimento ao juiz da 3ª Vara Criminal de Niterói, um dos cabos presos por envolvimento na morte da juíza acusa o ex-comandante do 7º BPM (São Gonçalo) de ser o mandante do crime.

Transferência
O coronel será levado para o presídio Bangu 8, segundo informou o corregedor da Polícia Militar, coronel Ronaldo Menezes, em coletiva nesta terça-feira (26). Além dele, outros cinco policiais suspeitos de participação no crime também serão levados para o mesmo presídio. Eles cumprem prisão temporária de 15 dias.

O tenente-coronel Cláudio Oliveira foi exonerado do comando do 22º BPM (Maré) e preso na carceragem do Batalhão de Choque, no Estácio, na Zona Norte do Rio, desde a madrugada desta terça-feira (27). Antes de ficar à frente do batalhão da Maré, ele comandou o 7º BPM (São Gonçalo).
"O militar, como uma questão de prerrogativa, tem direito à prisão especial, deveria estar lotado numa unidade da PM ou no Batalhão Prisional. Mas a autoridade que determina a prisão temporária decidiu que ela fosse cumprida em Bangu 8. Nós temos que cumprir a decisão judicial". disse Menezes.

"O tenente-coronel fez parte de um pacote de movimentações recentes, diversos comandos foram trocados. Naquela oportunidade não havia qualquer tipo de suspeição ou acusação sobre o tenente-coronel Cláudio", afirmou o corregedor Ronaldo Menezes, acrescentando que "não cabe à Corregedoria da PM comentar a troca de comando de batalhões.

Outros seis policiais suspeitos
Além do tenente-coronel, mais seis policiais militares também tiveram a prisão decretada no fim da noite de segunda-feira (26), sendo que cinco já estavam presos por outro crime. Os cinco faziam parte do Grupo de Ações Táticas do Batalhão de São Gonçalo e são suspeitos de forjar um auto de resistência, morte em confronto, para esconder o assassinato de Diego Bellini de 18 anos, durante uma operação policial. O sexto policial também estápreso, mas a assessoria da Polícia Militar não sobe informar se ele se entregou.

Três policiais militares suspeitos de matar a juíza Patrícia Acioli estão presos e foram transferidos da Unidade Prisional da PM em Benfica, na Zona Norte, para unidades diferentes, a pedido do Ministério Público, no dia 19 de setembro. A transferência é para evitar que eles combinem, antes dos depoimentos, a mesma versão sobre o caso.

UPA da Maré
Na segunda-feira (26), a Secretaria estadual de Saúde informou que a UPA da Maré foi fechada a pedido do "comando da Polícia Militar do Rio de Janeiro, por conta das operações realizadas no complexo nas últimas semanas". Segundo a PM, as operações para combater traficantes armados nas imediações eram diárias desde que o tenente-coronel Cláudio Oliveira tinha assumido o comando do 22º BPM (Maré).

Via G1

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