Literatura japonesa ganha espaço na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo
A Biblioteca Mário de Andrade e a
Fundação Japão realizam o seminário “Lendo o Japão: a difusão da
literatura japonesa no Brasil” que acontece gratuitamente no dia 24 de
setembro de 2011, das 15h às 17h30, no auditório da própria biblioteca.
Destinado ao público em geral, o evento tem como intuito aproximar o
leitor da literatura japonesa e despertar interesse por autores com uma
poética distinta dos ocidentais.
O seminário é composto por três
explanações de especialistas, enfocando o panorama histórico, tradução e
obras já publicadas no Brasil, com a pesquisadora Luiza Nana Yoshida, a
tradutora Leiko Gotoda e o jornalista e crítico Marcos Strecker,
respectivamente, além do debate, ao final, mediado pela docente e
pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) Neide Hissae Nagae.
Participantes
“O fator determinante é que a
abrangência da literatura japonesa é em escala milenar e que a
quantidade de autores e de obras produzidas por eles atinge uma dimensão
incomensurável para os padrões a que estamos acostumados”, afirma Neide
Nagae, que traduziu para o português livros de Yasunari Kawabata,
Kenzaburo Oe e Akinari Ueda, entre outras obras literárias.
De acordo com a tradutora Leiko Gotoda, os autores clássicos da literatura japonesa, como Yukio Mishima, Jun’ichiro Tanizaki, Yasunari Kawabata, e alguns mais contemporâneos como Haruki Murakami e Kenzaburo Oe são os favoritos para tradução para o português.
Não esquecendo também que o livro
“Musashi”, de Eiji Yoshikawa, foi vertido para 23 línguas estrangeiras,
incluindo o português (vendendo mais de 100 mil exemplares no Brasil),
ganhou cerca de 15 versões televisivas e cinematográficas. A história do
samurai mais famoso do Japão foi publicada primeiramente como um
folhetim no jornal Asahi Shimbun (entre 1935 e 1939), divididos em 1.013
episódios, tornando-se a obra literária de maior sucesso na história do
país, atingindo mais de 120 milhões de exemplares vendidos. A edição
brasileira trata-se da primeira tradução integral no Ocidente.
Premiados
Os escritores Yasunari Kawabata e
Kenzaburo Oe foram agraciados com o Prêmio Nobel de Literatura, em 1968 e
1994, respectivamente, sendo os únicos nipônicos na lista, que foi
instituída em 1901. E Haruki Murakami é considerado um dos autores mais
importantes da atualidade, suas obras já foram traduzidas em 34 idiomas,
explorando estilos como a ficção e não-ficção, como “Underground”, uma
série de entrevistas com os afetados pelo gás sarin em Tóquio, em 1995, e
“Do que eu falo quando eu falo de corrida”, sobre sua grande paixão,
maratonas. Ganhou prêmios como o Yomiuri – concedido a autores como
Yukio Mishima – e Jerusalém para a Liberdade do Indivíduo na Sociedade,
em 2009.
Antecedendo o seminário, acontece uma
apresentação de kamishibai (narração de estórias com utilização de
painéis de desenho) com participação do ator George Cabral de Souza na
sala de convivência da Biblioteca Circulante. A origem do kamishibai
remonta à era Edo (1603-1868), mas foi difundido em todo o país por
volta dos anos 30. É uma arte direcionada principalmente para crianças
onde um contador narra teatralmente uma estória mostrando desenhos. No
Japão, desde antigamente, havia o costume de contar fábulas mostrando
desenhos, que tinha o nome de “etoki”.
Mesmo no clássico da literatura
japonesa “Genji Monogatari”, há cenas em que amas narram estórias para
as princesas desse modo. Por volta de 1946, o kamishibai de rua torna-se
popular e os contadores rodavam as ruas das cidades levando na
bicicleta os desenhos e doces para entreter o público.
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