Enem reduz interpretação e fica com jeito de vestibular, dizem professores

A edição deste ano do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) mostrou que o exame do Ministério da Educação vai mudando seu perfil "interpretativo" de edições anteriores e está com mais "cara de vestibular", segundo professores ouvidos pelo G1. As provas aplicadas neste sábado (26) e domingo (27) foram mais focadas no conteúdo, tinham enunciados mais curtos e exigiam menos interpretação na avaliação dos especialistas.
De acordo com eles, a edição deste ano exigiu conhecimentos específicos dos candidatos em quase todas as áreas avaliadas, aproximando-se do que é pedido nos vestibulares tradicionais pelo país.
O gabarito oficial do Enem será divulgado até quarta-feira (30). Segundo o MEC, 5 milhões de candidatos fizeram as provas este ano. Esta edição foi teve o número recorde de 7.173.574 milhões de inscritos. A abstenção foi de 29%.
As notas de cada candidato serão divulgadas no início de janeiro de 2014.
'Não basta ser inteligente'
"A prova tinha bastante conteúdo. Algumas questões de física exigiam que o aluno soubesse fórmulas. Só foi bem quem estava bem preparado para o vestibular, não bastava ser inteligente, tinha que ter conteúdo", afirma o professor Eduardo Figueiredo, do cursinho Objetivo.

Figueiredo ressaltou ainda o abandono da interdisciplinaridade entre as matérias. "Isso já desapareceu no Enem faz tempo. Na prova de ciências naturais, por exemplo, havia 15 questões de química, 15 de biologia, e 15 de física. Não havia interseção entre elas", afirmou.
O professor Marcello Menezes, do Projeto Educação, também observou uma mudança em relação aos anos anteriores com a prova assumindo um caráter conteudista mais acentuado. "O Enem está mais focado ao conteúdo. Começaram com uma linha muito longa de texto nos anos anteriores. Agora, a prova é adequada ao cotidiano. O aluno que se preparou pode fazer uma boa prova."
'O Enem é um vestibular'
As alterações tornaram o exame mais semelhante aos demais vestibulares do país, acredita Luís Ricardo Arruda, coordenador geral do Anglo. "O Enem de hoje é um vestibular. O candidato precisa dominar os diferentes assuntos de cada matéria. Se olharmos a prova de matemática, teremos logaritmo, proporção, escala, figuras geométricas", diz.


O coordenador, no entanto, destaca que há uma troca entre os diversos exames. “Os outros vestibulares também estão se modificando. Os vestibulares tradicionais e o Enem se aproximaram. O Enem deixou os excessos de lado, e os vestibulares tradicionais adotaram o que tem de bom no Enem”.
'Mais conhecimento específico'
Para Edmilson Motta, coordenador geral Etapa, os enunciados da prova também mudaram bastante. “Antes, a prova era travada com enunciados maiores e às vezes truncados. Agora, estão mais curtos e exigem mais conhecimento específico, aumentando a complexidade", relembra.


A exceção, segundo Edimilson, foi a prova de linguagens que continuou exigindo uma boa interpretação de texto dos candidatos. “É a matéria que realmente vai avaliar os candidatos na sua capacidade de transitar entre os diversos gêneros e maneiras de avaliar a informação”.

As mudanças foram aprovadas pela maioria dos professores ouvidos e a prova deste ano  considerada melhor do que a do ano passado, devido às questões bem formuladas e ao nível de exigência elevado.


Contemporaneidade
A edição de 2013 foi elogiada pelos professores pela atualidade das questões, com questões críticas sobre a internet e seus usos, além de temas como obesidade, bullying e protestos, este último abordado na questão que trazia um trecho da canção “Até quando?”, de Gabriel o Pensador.

“É importante que haja um conteúdo aplicado à realidade do aluno. Tivemos uma prova bem ligada ao que o jovem vivencia e isso é bem interessante”, afirma o professor Alan Miranda, do Curso de A a Z.
A própria redação trouxe à luz um tema atual: a Lei Seca, diz o professor Luís Ricardo Arruda, do Anglo. “É um tema de interesse de todos, independente da classe social. Um tema de relevância para a sociedade como um todo”, afirma.
Para Eduardo Figueiredo, do cursinho Objetivo, a escolha mostra que o exame está atento ao que acontece no país. “É atual. Acho perfeitamente pertinente procurar contextualizar a prova com as coisas cotidianas, é algo muito positivo”, conclui.

Via G1

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